Professor por vocação

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Uai, "da roça", mezzz. E daí???

Por Patrícia Vicente


Olá, Pessoal!

Meu nome é Patricia Vicente, eu sou de Taparuba, do 3º Ano do Orlando e estou aqui para contar um pouquinho da minha experiência de ser “andarilha”, de sair daqui, cheia de planos e depois voltar, porque tudo aconteceu diferente.
Vamos lá...
Eu tinha curiosidade e vontade de ir embora. Ultimamente as coisas têm mudado, mas antes, sair de Taparuba era o melhor remédio, talvez a única opção pra muitos de nós. O problema é que nem tudo são flores quando a gente migra. Estou falando do preconceito de ser “da roça” porque as pessoas não sabem o potencial produtivo que nós temos e acabam confundindo nosso jeito reservado com ignorância!! Eles não conhecem o talento que existe por trás de um “UAI, SÔ”.
Foi na escola, em Vitória, que aconteceu o pior: a exclusão. Parece que a gente já vinha com a plaquinha de “sou de Minas, sou diferente, sou humilhável”.



Mas pior ainda era olhar na cara dos professores e ver que o interesse de alguns deles não estava ali, vc que é aluno, muitas vezes não tem base pra fazer os exercícios sozinho, a gente nem sempre sabe o que fazer; mas, já na sala, o professor só chegava e dizia “faz esse exercício da página tal que daqui a cinco minutos eu vou corrigir”
Eu olhava pro céu e perguntava... “Meu Deus! O que estou fazendo aqui? Até quando? Deixei amigos para trás , família estava praticamente em um hospício, muito diferente do paraíso que eu imaginei...
Na boa... acho que eu podia ir além daquilo, então queria passar o que eu já sabia pra eles, dava ideias para os professores mas de nada adiantava. Acho que eles pensavam que a “da roça” não tinha nenhuma bagagem.
No dia que recebi a notícia que ia vir embora, eu falei pra mim mesma que aquele desânimo iria passar, que agora eu voltaria a estudar como antes, mas a verdade é que eu levei um tempo pra voltar a ser como eu era. Minha experiência “na cidade” não foi das melhores.
Só que não adiantou querer enrolar, acostumada com o ritmo de vida que eu tinha, a Christina sempre diz que “quem vai embora nem sempre volta melhor” e eu acho que é a pura verdade! Não preciso falar que, no final do ano, foi difícil pra eu passar... foi uma confusão... nota que faltava, cálculo que não batia, tanta coisa que eu me estressei.
Claro que, com o tempo eu fui voltando ao que era, e me readaptando ao meu antigo ritmo mineirinho, caladinho e na ativa. Devo isso a dois amigos especiais: a Carol e o Adonay que sempre estiveram comigo, me apoiando, dando conselhos, me incentivando.



Minha família foi importante também, é claro, porque família é tudo e só quem fica longe sabe disso...
Hoje, aqui em Taparuba, eu tento fazer o meu melhor, na época dos trabalhos, não meço esforços, fico até de madrugada lutando com as exigências da Christina, decorando poesias e aprendendo sobre autores e obras importantes... acho que é uma dificuldade proveitosa.













Entre meus amigos mais próximos, todos temos um apelido. Se o Adonay era o carrapato, eu devia ser o ”Piolho”, mas me toquei que piolho é nojento, não dura a vida toda, e sem os outros, não é nada! Vou ficar feliz se vocês tomarem como experiência o que eu vivi.
Não foi fácil, mas sempre se pode contar a história.
Bjosss
Patrícia.

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