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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vieira e os Sermões, Bethoven e a Nona Sinfonia

Embora religioso, O Pe Antõnio Vieira não limitou sua obra à pregação religiosa. Sempre pôs seus sermões a serviço das causas políticas que abraçava e defendia, e por isso, se indispôs com muita gente: com os pequenos comerciantes, com os colonos que escravizavam índios e até com a Inquisição. Ele usava o púlpito como único meio de propagação de idéias às multidões no Nordeste brasileiro do século XVII, onde pregou a índios, brancos e negros, a dominadores e dominados. Suas ideias políticas foram postas em prática por meio da catequese, da defesa do índio e da colônia, em favor de Portugal, por ocasião da invasão holandesa.
O Sermão da Sexagésima é um dos mais importantes de Vieira. Nele, o autor, como de costume, desenvolve a temática religiosa e fala sobre a arte de pregar por meio de sermões. O texto é um exemplo de sua grande habilidade como pregador, a que alguns autores, como William Roberto Cereja consideram incomparáveis. Talvez Vieira tenha sonhado com um mundo livre, mas em sua época e em seu contexto, é possível que isso não lhe fosse permitido. Acredito que ele tenha sonhado com um mundo mais igual, mas seu conceito de "igualdade" passava pelas concepções que defendia e por sua fé. Vieira foi sobretudo um religioso. Sua retórica formidável era um instrumento a serviço da evangelização.
Ludwig Van Beethoven nasceu em Bonn, batizado em 17 de dezembro de 1770 foi um compositor alemão, do período de transição entre o Classicismo do século XVIII e o Romantismo do século XIX. É considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem, como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos, apesar de um pequeno e insignificante detalhe. Beethoven era surdo. Compôs sem ouvir uma só nota, porque os sons que importavam já estavam guardados em sua memória auditiva. "O resumo de sua obra é a liberdade," observou o crítico alemão Paul Bekker (1882-1937), "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida".
Muito diferentes os dois. Mas talvez algo os una porque um compositor que não ouvia pode criar a sinfonia mais perfeita do mundo (a Sinfonia numero 9, Ode to Joy) e um orador que sobreviveu ao desbravamento de um novo mundo, em um tempo de opressão, fez das palavras uma ferramenta libertária, a seu modo e do seu jeito. É possível que a música de Beethoven, perfeita, furiosa e temperamental, e as palavras desconcertantemente poderosas de Vieira se encontrem em algum ponto do universo, onde os surdos podem compreender os gritos dos oradores que sonham em libertar o mundo...


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