Professor por vocação

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sábado, 14 de janeiro de 2012

Pra poder te beijar quando eu quiser...”

Crônicas diárias




“Doce lar” é só o título sugestivo de uma história realmente doce, que eu gostei muito de assistir há uns anos atrás. O enredo, no entanto, bateu com aquelas coincidências da vida, que a gente ignora ou menospreza, mas que podem mudar o rumo de qualquer existência.
Melanie Carmichael (Reese Whiterspoon)é do Alabama, mas se torna uma promessa como estilista, em Nova York, depois do segundo grau. Pra completar, ela também namora Andrew, representado pelo bonitão Patrick Dempsey (que aliás eu AMO), um óóóóótimo partido, filho da prefeita da cidade, lindo, inteligente, com futuro promissor na política.
O transtorno começa quando o namorado resolve se tornar marido e faz o pedido, de um jeito irrecusável. Isso a leva de volta ao Alabama, escondida do noivo, pra resolver um “probleminha” do passado.
O “probleminha” é um ex-jogador de futebol americano, loiro, alto de olhos muito verdes, que atende pelo sugestivo nome de Jake, interpretado pelo ator Josh Lucas (a quem eu também AMO. Percebe o drama?)
Embora ela já estivesse em Nova York há anos, Jake e Melanie ainda estão casados, porque ele se recusa a assinar o divórcio. Com o propósito de convencê-lo a esquecer sua história juntos, ela volta às origens, e acaba confrontando seus fantasmas do passado.
Eu adorei. Principalmente quando ele pergunta: “Por que é que você quer que eu seja seu marido?” e ela responde “Pra poder te beijar quando eu quiser!”
Que seria da vida sem as doces ilusões?
Na verdade, creio que a fantasia nos ajuda a passar pelas oscilações, e quando se é saudável, é possível navegar sem tirar o pé do chão, nem mover demais o cursor. A célebre frase “Pra poder te beijar quando eu quiser” abre tantas possibilidades...
Fiquei pensando sobre os casais de hoje em dia, principalmente os casados há um certo tempo. Aqueles que a gente nunca vê namorando, que nem sequer ficam muito próximos, como se fazer isso na condição deles fosse uma coisa estranha ou inconveniente.
Dizem que os relacionamentos deterioram por causa da poeira do tempo. Mas dizem também que as relações verdadeiras ficam fortes à medida que envelhecem. Pensei então nas mágoas ácidas das relações diárias que falham, na ausência do beijo de bom dia, no olhar de desejo que eles já não se dão porque precisam falar das contas, dos problemas, das dores e doenças e sei lá do que mais...
E então pensei em quem consegue falar de tudo isso, e ainda sair sorrindo, e se beijar de manhã, e se olhar com ansiedade, sabendo que, todos os problemas serão enfrentados “a dois”.
“Por que é que você quer que eu seja seu marido?”



Engraçado como as respostas se perdem com o tempo, como se perde a admiração, o afeto, aquele item especial que só “ele” tinha. Onde é que ficou perdida mesmo aquela ânsia que eu sentia, antes de ele vir deitar?
E quando a gente começa a sentir o perfume de outras pessoas, a resposta se perde no ar. “Por que foi mesmo que eu me casei?”
Eu comecei falando do filme, e vou terminar falando de todo mundo. Porque quando começamos a nos fazer perguntas retóricas para as quais já não sabemos as respostas, é que tudo ficou inexato. Por isso, é necessário não perder o brilho nos olhos. Por isso é necessário intensidade nos gestos.
A resposta convicta tem que estar na ponta da língua:
“Pra poder te beijar quando eu quiser”.

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