Professor por vocação

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sábado, 21 de maio de 2011

Roteiro para interpretação de textos e Textualização dos Discursos

Ok, pessoal!
Eu disse, essa semana´, que pra entender mais profundamente qualquer texto é preciso ficar ligado em alguns detalhes técnicos, que parecem chatos, mas que no fim das contas, são fáceis e aumentam muito o nosso alcance das ideias do autor. Detalhes que a UFV, por exemplo, deixa bem claros na cobrança de suas provas: em relação à reflexão linguística (as relações sintático-semânticas e discursivo-argumentativas presentes) e aos elementos de textualidade (coerência e coesão).

Pra ser bem direta, você deve aprender a reconhecer e a lidar com isso sem ficar assustado com esses nomes chiques, que no fundo, no fundo... só definem as relações entre as palavras e ideias que montam o corpo escrito e compreensível do texto.

Não se esqueça que reconhecer as variedades lingüísticas e os diferentes tipos de registros também. Isso é muito necessário.

Há um roteiro básico pra facilitar o seu trabalho interpretativo, com base nas indicações do CBC e nas provas das Federais (é claro que tudo está ligado porque as Universidades e os colégios federais são órgãos públicos, então nada mais justo do que seguirem as diretrizes que o governo determina para o "ideal" da educação pública quanto ao estudo dos diferentes domínios discursivos), tipo... quando você tiver um texto narrativo ou descritivo à sua frente, o que deve ser observado? Ou quando a estrutura do discurso for predominantemente injuntiva, ou expositiva ou argumentativa... como estamos vendo no Terceirao, e aí?

Bom, pessoal, eu não posso negar que esse estudo é analítico e cheio de detalhes. Mas se você tiver alguma paciência... tipo... paciência de Historiador em arquivo... acho que os textos não terão mais segredo.

Quando for interpretar, logo de cara, observe o contexto de produção, circulação e recepção do texto. Para isso, siga as orientações abaixo:

a) Identifique a situação comunicativa:
- o destinatário previsto a partir do suporte e da variedade linguística (+ culta/- culta) ou estilística (+ formal / - formal); isso, a partir das evidências, marcas, palavras e termos que se apresentam.Lembre-se que, tudo o que vc concluir deve ser provado por algo que esteja no texto.

-Identificar o tempo e o espaço (ambiente, cenário) da produção.

-Identificar o grau de intimidade entre os interlocutores (no caso, quanto de intimidade o autor tem com o leitor-destinatário).

b) Identificar o suporte de circulação (veículo através do qual o texto chega até o leitor: jornal, revista, internet, multimídia, etc) e a localização do texto dentro do suporte (capítulo, artigo integrante de livro, parte da revista, site, etc)

c)Identificar o contexto histórico-situacional do texto. Situá-lo no momento histórico de sua produção a partir de escolhas linguísticas (lexicais ou morfossintáticas) e/ou de referências (sociais, culturais, políticas ou econômicas) ao contexto histórico.

d) Identificar o gênero textual. Reconhecer o gênero de um texto a partir de seu contexto de produção, circulação e recepção.

e) Identificar o domínio discursivo a que o texto pertence(a tipologia textual em questão: narração, descrição, injunção, exposição, argumentação).
- Tente relacionar gênero textual, suporte, variedade linguística e estilística e objetivo comunicativo da interação.

f) Reconhecer o objetivo comunicativo (finalidade ou função sociocomunicativa) do texto. Para que aquele texto foi escrito? O que o autor pretendia, quando o escreveu?

g)Reconhecer as situações sociais de uso do texto / gênero e relacionar o gênero do texto às práticas sociais que o requerem.

h) Identificar as relações entre as variedades linguísticas utilizadas no texto e a situação comunicativa, o contexto de época, o suporte e as situações sociais.

i)Analisar mudanças na imagem dos interlocutores de um textom, em função da substituição de marcas dialetais, níveis de registro, jargão, ou gíria, por outros.

j) Reconhecer, em um texto, marcas da identificação política, religiosa, ideológica ou de interesses econômicos do produtor.

l) Selecionar informações para a produção de um texto sobre temas relacionados.

m)Identifique todas as informações da referência bibliográfica.

n)Quanto à operação de tematização:
- Justificar o título do texto e os subtítulos ou partes.

o)Reconhecer a organização temática do texto, identificando
- a ordem de apresentação das informações;
- o tópico (tema) e os subtópicos discursivos do texto.

p)Reconhecer pelo menos cinco informações explícitas no texto.

q)Apresentar, pelo menos cinco informações implícitas no texto (inferências, conclusões lógicas, fatos, dados, argumentos deduzidos, etc). Use sua capacidade de dedução).

r)Pesquisar sempre outros modelos de textos que falem do mesmo tema e traçar paralelos quanto ao tratamento desse tema pelos diferentes textos pesquisados.


No 3º ano e no 1º de Taparuba, a gente já começou a análise da "Textualização dos discursos". Quando eu escrevi isso no quadro, O Josué foi o primeiro a reproduzir o que todo mundo pensou. Ele disse; "Detestei esse título"

Eu estou acostumada às reclamações inteligentes do Josué, porque ele é um termômetro meio às avessas, mas resolvi que vocês deveriam se aprofundar um pouco, nesses conceitos. Esta é a publicação que eu prometi.

Para os 1º anos(os que ainda não começaram esse estudo) seguem as Textualizações dos discursos Narrativo, Descritivo e de Relato.
O 2º ano deve estudar os discursos Injuntivo e Argumentativo.
O 3º ano, os discursos Expositivo e Argumentativo. Divirtam-se:

8. Textualização do discurso narrativo
• Fases ou etapas:

• exposição ou ancoragem (ambientação
da história, apresentação de
personagens e do estado inicial da ação);

• complicação ou detonador (surgimento
de confl ito ou obstáculo a ser superado);
• clímax (ponto máximo de tensão do
conflito);
• desenlace ou desfecho (resolução do
confl ito ou repouso da ação; pode
conter a avaliação do narrador acerca
dos fatos narrados e, ainda, a moral da
história).
• Estratégias de organização:
- ordenação temporal linear;
- ordenação temporal com retrospecção
(flash-back);
- ordenação temporal com prospecção.
• Coesão verbal:
• valores do presente, dos pretéritos
perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito e
do futuro do pretérito do indicativo.
• Conexão textual:
- marcas lingüísticas e gráficas da articulação
de seqüências narrativas com
seqüências de outros tipos presentes
no texto.

• Textualização de discursos citados ou
relatados: direto; indireto; indireto livre.
• Coesão nominal (referenciação):
- estratégias de introdução temática;
- estratégias de manutenção e retomada
temática.

• Organização lingüística do enunciado
narrativo: recursos semânticos e
morfossintáticos mais característicos e/ou
freqüentes.

Textualização do discurso de relato

• Fases ou etapas do relato noticioso:

• sumário (título, subtítulo e lide): relato
sumariado do acontecimento (quem, o
quê, quando, onde, como, por quê);
• continuação do acontecimento noticiado
no lide: relato com detalhes sobre as
pessoas envolvidas, repercussões, desdobramentos,
comentários.

• Estratégias de organização:

• ordenação temporal linear;
• ordenação temporal com retrospecção
(flash-back);
• ordenação temporal com prospecção.

• Coesão verbal:
• valores do presente, dos pretéritos perfeito,
imperfeito, mais-que-perfeito, do
futuro do presente e do futuro do pretérito
do indicativo.

• Conexão textual:
• marcas lingüísticas e gráfi cas da articulação
de seqüências de relato com seqüências
de outros tipos presentes no texto;
• marcadores textuais da progressão /
segmentação temática: articulações hierárquicas,
temporais e/ou lógicas entre as
fases ou etapas do discurso de relato.

• Textualização de discursos citados ou
relatados:
• direto;
• indireto;
• resumo com citações.

• Coesão nominal:
• estratégias de introdução temática;
• estratégias de manutenção e retomada
temática.

• Organização lingüística do enunciado de
relato: recursos semânticos e morfossintáticos
mais característicos e/ou freqüentes.

10. Textualização do discurso descritivo

• Fases ou etapas:
• introdução do tema por uma forma nominal
ou tema-título no início, no fi m ou
no curso da descrição;
• enumeração de diversos aspectos do
tópico discursivo, com atribuição de propriedades
a cada um deles;

• relacionamento dos elementos descritos
a outros por meio de comparação ou
metáfora.

• Estratégias de organização:
• subdivisão;
• enumeração;
• exemplifi cação;
• analogia;
• comparação ou confronto;
• outras.

• Coesão verbal:
• valores do presente e do pretérito imperfeito,
do pretérito perfeito e do futuro
do indicativo.

• Conexão textual:
• marcas lingüísticas e gráfi cas da articulação
de seqüências descritivas com
seqüências de outros tipos presentes no
texto;
• marcadores textuais da progressão/ segmentação
temática: articulações hierárquicas,
temporais e/ou lógicas entre as
fases ou etapas do discurso descritivo.

• Textualização de discursos citados ou
relatados:
• direto;
• indireto;
• indireto livre.

• Coesão nominal:
• estratégias de introdução temática;
• estratégias de manutenção e retomada
temática.

• Organização lingüística do enunciado
descritivo: recursos semânticos e morfossintáticos
mais característicos e/ou
freqüentes.

Textualização do discurso expositivo

• Fases ou etapas:
• constatação: introdução de um
fenômeno ou fato tomado como
incontestável;
• problematização: colocação de questões
da ordem do porquê ou do como;
• resolução ou explicação: resposta às
questões colocadas;
• conclusão-avaliação: retomada da
constatação inicial

• Estratégias de organização:

• defi nição analítica;
• explicação;
• exemplifi cação;
• analogia;
• comparação ou confronto;
• causa-e-conseqüência;
• outras.

• Coesão verbal:
• valores do presente do indicativo e do
futuro do presente do indicativo;
• correlação com tempos do subjuntivo.

• Conexão textual:
• marcas lingüísticas e gráfi cas da
articulação de seqüências expositivas
com seqüências de outros tipos
presentes no texto;
• marcadores textuais da progressão/
segmentação temática: articulações
hierárquicas, temporais e/ou lógicas
entre as fases ou etapas do discurso
expositivo.

Textualização do discurso argumentativo

• Fases ou etapas:
− proposta: questão polêmica, explícita
ou implícita no texto, diante da qual
o locutor toma uma posição;
− proposição: posicionamento favorável
ou desfavorável do locutor em relação
à proposta, orientador de toda
a argumentação;
− comprovação: apresentação de provas
que sustentam a proposição do
locutor, assegurando a veracidade ou
validade dela e permitindo-lhe chegar
à conclusão;
− conclusão: retomada da proposta e/
ou uma possível decorrência dela.

• Estratégias de organização:

• causa-e-conseqüência;
• comparação ou confronto;
.Concessão restritiva;
− exemplifi cação;
− analogia;
− argumentação de autoridade;

Coesão verbal:
− valores do presente do indicativo e
do futuro do presente do indicativo;
− correlação com tempos do subjuntivo.

• Conexão textual:
− marcas lingüísticas e gráfi cas da articulação
de seqüências argumentativas
com seqüências de outros tipos
presentes no texto;
− marcadores textuais da progressão/
segmentação temática: articulações
hierárquicas, temporais e/ou lógicas
entre as fases ou etapas do discurso
argumentativo.
• Textualização de discursos citados ou
relatados:
− direto;
− indireto;
− paráfrase;
− resumo com citações.
• Coesão nominal:
− estratégias de introdução temática;
− estratégias de manutenção e retomada.

• Organização lingüística do enunciado
argumentativo: recursos semânticos e
morfossintáticos mais característicos e/ou
freqüentes no enunciado argumentativo.

13. Textualização do discurso injuntivo

• Fases ou etapas:
• exposição do macrobjetivo acional:
indicação de um objetivo geral a ser
atingido sob a orientação de um plano
de execução, ou seja, de um conjunto de
comandos;
• apresentação dos comandos:
disposição de um conjunto de ações
(seqüencialmente ordenadas ou não) a
ser executado para que se possa atingir
o macrobjetivo;
• justifi cativa: esclarecimento dos motivos
pelos quais o destinatário deve seguir os
comandos estabelecidos.

• Estratégias de organização:
• plano de execução cronologicamente
ordenada;
• plano de execução não
cronologicamente ordenada.

• Coesão verbal:
• valores do modo imperativo e seus
substitutos (infi nitivo, gerúndio e futuro
de presente).

• Conexão textual:
• marcas lingüísticas e gráfi cas da
articulação do discurso injuntivo com
outros discursos e seqüências do texto;
• marcadores textuais da progressão /
segmentação temática: articulações
hierárquicas, temporais e/ou lógicas
entre as fases ou etapas do discurso
injuntivo.

• Textualização de discursos citados ou
relatados: direto; indireto; resumo com
citação.

• Coesão nominal:
• estratégias de introdução temática;
• estratégias de manutenção e retomada
temática.
• Organização lingüística do enunciado
injuntivo: recursos semânticos e
morfossintáticos mais característicos e/ou
freqüentes.

Imprimam e leiam com muitaaaaaaaa atenção. Na sala a gente conversa melhor.
Até lá.

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