Por: Professor Manuel Alcântara (Mutum/MG)
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Dia 15 de agosto de 2011, uma famigerada segunda-feira, 11 da manhã, voltava eu da escola E quase chegando em casa, fui interceptado por um tratorzinho e Crash! Praaa! Boomp! Estava lá um corpo estendido no chão...
Acode dali, gente de lá, multidão ao meu redor...e uma dor insuportável na perna esquerda....doía na alma......
Levaram-me ao Pronto Socorro...Socoooorrooooo: pontos...remédios..injeção, cuidados....
Fico eu de molho em casa por 15 dias, resolvo ler alguns livros que estão na mira há algum tempo e que até então não sobrava tempo para tal.
“O livreiro de Cabul” de Asne Seierstad e também “A cidade do Sol” de Khaled Hosseini, (mesmo autor de “O caçador de Pipas”) são minha prioridade. Lei-os vorazmente.
Narrativas tristes, melancólicas, retratando o universo do Afeganistão e região: guerras, Islamismo e demais seitas oriundas daquela região; o preconceito e a discriminação pelas quais passam as mulheres afegãs. Dá um arrepio em mim a cada página lida, e a narrativa me é apresentada como um soco no estômago.
Tenho visto muitos telejornais também: Crise americana, grega, problemas políticos na Líbia, Furacão Irene nos EUA, crianças assaltantes em São Paulo e Minas. Assassinato da juíza Patrícia Acioli no Rio de Janeiro, e muitos outros juízes “marcados para morrerem”( (des)Ordem e Progresso). O “Fantástico” apresenta uma reportagem em que alunos brigam entre si, com professores, com diretores, mães com mães. Enfim, parece o caos total.
Aproveito o “tempo livre” e releio “Os Ratos” de Dyonélio Machado”. Literatura brasileira e muito conceituada, sempre cobrada em vestibulares como da UFVe UFMG, por exemplo. (Preciso desenvolver um trabalho com meus alunos do 3º ano do E.M. do Colégio Mutum, a pedido da Tia Eneida).
Acabei de terminar. Percebo uma ambigüidade hiperbólica no título. O personagem Naziazeno (lembra Nazareno) contrai uma dívida com o leiteiro (entregava religiosamente toda manhã o leite para matar a fome do filho do personagem principal). Naziazeno tenta de todas as formas obter o dinheiro para quitar a dívida e manter o fornecimento em dia. Mas...a narrativa nos leva a uma série de situações em que o personagem se depara mostrando o quanto o capitalismo neoliberalista interfere nas relações interpessoais e como as pessoas de baixo poder aquisitivo são tratadas neste contexto.
Enfim, deprimente...como os outros livros que anteriormente mencionei.
E...parece receita de literatura que faz sucesso. Com narrativas tristes como “O Quinze”, “Vidas Secas” , às vezes com final trágico à La “Romeu e Julieta”, “Policarpo Quaresma”, “A hora da estrela”...
Quando oriento meus alunos na produção de narrativas, sempre recomendo a capricharem especialmente no final: valorize o surpreendente....surpreenda o leitor...sempre......o modelo cômico de Drummond....
Por mais que a vida me apresente o espetáculo da cultura depressiva, dos fins trágicos... Meu olhar tende para o outro lado: o belo, o humorístico...não creio que seja alienação pensar assim .Creio eu que se faz necessário plantar e regar essas sementes no nosso cotidiano....da positividade....da igualdade entre os gêneros e raças, da solidariedade...e do futuro da raça humana...pois...se continuar assim, a nossa extinção será questão de tempo. Até na selva há certo respeito, harmonia....e é exatamente o que está faltando nas relações humanas...
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